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Gestão

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Diálogos em Mobilidade: Um impulso à cooperação e à segurança jurídica viária

Para José Alexandre Milagres Vasconcelos, do MPMG, o evento realizado em parceria com a AIAFA abre espaço para a capacitação contínua, no qual gestores de diferentes perfis podem incorporar boas práticas na gestão de frotas

José Alexandre Milagres Vasconcelos no MPMG no Jantar de Gala 2024José Alexandre Milagres Vasconcelos, no MPMG, no Jantar de Gala 2024

A AIAFA Brasil e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) organizam, pela primeira vez, o evento Diálogos em Mobilidade, um espaço de debates entre gestores públicos e privados sobre os desafios da gestão de frotas. O encontro será no dia 18 de setembro de 2025, no Salão Vermelho do Ministério Público, no bairro Santo Agostinho.

Um dos organizadores do evento, José Alexandre Milagres Vasconcelos, coordenador da Diretoria de Gestão de Transportes (DGET), do MPMG, avalia que o evento fortalece “uma cultura de políticas de frotas pautada pela cooperação mútua e segurança jurídica viária”.

Nesta entrevista à AIAFA News Digital, Vasconcelos analisa as diferenças, desafios e sinergias entre as esferas pública e privada.

Quais são as principais diferenças entre a gestão de frotas públicas e privadas em termos de objetivos e desafios?

José Alexandre Milagres Vasconcelos – Penso logo em três pontos. O escopo, ou finalidade, talvez seja a principal diferença entre os tipos de gestão. Enquanto a frota privada mira na economicidade (eficiência econômica) para obter a máxima eficiência, o gestor público deve focar na eficiência da operação, controlando os gastos no processo. A economicidade deve vir em segundo plano e nunca em detrimento da qualidade do serviço prestado.  
O segundo ponto, mas não menos importante do que o primeiro, são as licitações públicas, que são as formas obrigatórias por lei para a contratação de serviços e bens pela administração pública. Por mais que o gestor público elabore um bom edital, com excelentes especificações técnicas, não cabe a ele a escolha da empresa vencedora, ao passo que, no ramo privado, o gestor tem a ampla liberdade para contratar quem quiser.  

Por fim, a maioria das empresas do ramo automotivo, seja de autopeças, serviços de tecnologia ou aquisição e locação veículos, não está preparada para lidar com o cliente da administração pública, que, por sua natureza jurídica, difere sobremaneira dos meios e formas de contratar e executar um contrato privado. Por mais que exista certa discricionariedade (margem de decisão) do administrador, ele está amarrado ao contrato. Existe até uma máxima que ensina que o administrador público só pode fazer aquilo que é estabelecido por lei e que, em contrapartida, o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe.


"Por mais que o gestor público elabore um bom edital, não cabe a ele a escolha da empresa vencedora, ao passo que, no ramo privado, o gestor tem a ampla liberdade para contratar quem quiser"


Que sinergias existem ou podem ser criadas entre frotas públicas e privadas no Brasil? 

Vasconcelos – Iniciativas como a realização de benchmarking, networking e eventos de frota, correlacionando os dois polos, são fundamentais para o processo sinérgico que, a meu ver, satisfatoriamente, tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos. Vamos pensar que há milhares de administrações públicas espalhadas por aí, afinal, são 27 unidades federativas, três poderes da República e 5.570 municípios, além de inúmeros ministérios, secretarias, autarquias e entidades públicas, mistas etc. São números impressionantes. E quase todos possuem uma frota de veículos a ser gerenciada. Logo, tais movimentos e encontros auxiliam o gestor nesse sentido. 

Quais são hoje os maiores obstáculos para a modernização e renovação das frotas públicas?

Vasconcelos – A falta de investimento na capacitação e profissionalização de um gestor de frota. O que se tem hoje são colaboradores advindos de outras áreas técnicas e acadêmicas que, de uma hora para a outra, se vêm na gestão da frota. A literatura ainda é escassa e poucos institutos técnicos oferecem qualificação de qualidade para preparar o indivíduo para a missão que se seguirá. Temos ainda o viés político, que pode influenciar decisões técnicas e que muda a cada período. No fim, somente os gestores que perseveram conseguem se especializar na base do tempo, alcançando maturidade e conhecimento de mercado. Mesmo assim, perdem muitas oportunidades até que esse nível seja alcançado.

 José Alexandre Milagres Vasconcelos no MPMG no Jantar de Gala 2024 2José Alexandre e Paulo Miguel Jr. (Abla): MPMG vencer os Prêmios Frotas 2024 na categoria Segurança e Treinamento

Como a digitalização e a telemetria estão impactando a tomada de decisões na gestão de frotas públicas?

Vasconcelos – Costumo dizer que tal tecnologia é a divisora de águas em uma gestão de frotas. Sem a telemetria, só há uma operação crua e às cegas. Ou seja, o gestor só consegue colocar o veículo para rodar sem qualquer noção de contexto ou custos efetivos. Com a ferramenta telemétrica já é bem diferente. Há toda uma gama de possibilidades que gera eficiência e eficácia à operação. Com ela, é possível estabelecer metas críticas e acompanhar o comportamento, muitas vezes em tempo real, de veículos e motoristas. Isso traz, em última instância, transparência e assertividade de decisão para toda a cadeia de transporte. 

As políticas públicas atuais favorecem a transição para frotas mais modernas e sustentáveis? Que melhorias ainda são necessárias?

Vasconcelos – Sim. Hoje o governo se dedica a manter uma agenda mais verde, com práticas focadas nas questões ESG (ambientais, sociais e de governança). Por exemplo, aqui em Minas Gerais, praticamente todos os órgãos públicos estão migrando o abastecimento de seus veículos para o etanol, que é um combustível renovável e mais limpo do que o fóssil.


"Em Minas Gerais, praticamente todos os órgãos públicos estão migrando o abastecimento de seus veículos para o etanol, que é renovável e mais limpo"


No entanto, ainda é pouco. Por conta da sua matriz energética gigantesca, considerada um diferencial global, o Brasil necessita ter maior incentivo fiscal na aquisição de veículos elétricos ou híbridos e aportes robustos na infraestrutura para suportar a demanda. O País tem cerca de 124 milhões de veículos, segundo dados da Senatran. Desse total, apenas 523.876 são eletrificados, de acordo com levantamento da ABVE divulgado em agosto de 2025.

Qual a importância de um evento como o Diálogos em Mobilidade para fortalecer o diálogo entre gestores de frotas públicas e privadas e disseminar boas práticas? 

Vasconcelos – A iniciativa serve para abrir as portas das empresas e entidades privadas para o meio público, fortalecendo uma cultura de políticas de frotas pautada pela cooperação mútua e segurança jurídica viária. Ademais, possibilita a constante capacitação de gestores, que, independentemente do tamanho de sua frota, pode importar e aplicar ideias e conceitos que serão compartilhados durante o evento.     

Participe do evento Diálogos em Mobilidade. Veja a programação completa aqui.

 

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