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Gestão de frotas e saúde mental: o impacto da inteligência emocional nos resultados

Como o equilíbrio emocional do gestor de mobilidade influencia a operação diária, reduz a pressão interna e fortalece as relações com a equipe

Como gestora de mobilidade, tenho percebido que ainda se fala pouco sobre saúde mental no contexto da gestão de frotas. Desde a pandemia, comecei a olhar com mais cuidado para a saúde mental e entendi a importância e a necessidade de preservá-la em meio a tantas incertezas. Tivemos de nos reinventar e manter o equilíbrio.

Essa experiência me mostrou que cuidar da mente não é apenas uma questão individual, mas um fator que impacta diretamente a forma como lidamos com as transformações do setor. É preciso adaptar-nos constantemente às novidades tecnológicas, às mudanças comportamentais e às tendências do mercado. Diante dos compromissos pessoais e profissionais, nos adequamos a novos cenários, o que torna o tema de saúde mental e inteligência emocional ainda mais pertinente.

No cenário corporativo brasileiro, no qual a logística e o transporte são pilares essenciais para o funcionamento das empresas, a figura do gestor de frotas ganha cada vez mais destaque estratégico. Porém, por trás da rotina intensa de controle de veículos, prazos apertados, metas de desempenho e variáveis imprevisíveis – como clima, trânsito e manutenção – há um fator muitas vezes negligenciado: a saúde mental dos profissionais de frotas.

Gestores de mobilidade atuam sob constante pressão para garantir eficiência, redução de custos operacionais e segurança, tanto dos veículos quanto das equipes envolvidas. É um trabalho que exige atenção plena, raciocínio rápido e uma capacidade elevada de resolução de problemas. Nesse contexto, o desgaste emocional é uma realidade crescente.


Gestores de mobilidade atuam sob constante pressão para garantir eficiência, redução de custos operacionais e segurança. O desgaste emocional é uma realidade crescente.


Na gestão de mobilidade, em especial, temos de aprender, desaprender e reaprender a cada momento, não só para sermos criativos na administração, mas também para não sermos influenciados negativamente pelas situações. Quem nunca ficou impactado por um sinistro? Mesmo sem vítimas, atendemos uma série de demandas: acionar locadora ou seguro, lidar com documentação, reposicionar veículos e apoiar o colaborador envolvido. Em casos mais graves, soma-se a preocupação com a integridade física e a repercussão interna e externa. Há ainda situações como uma comunicação mal conduzida, discussões acaloradas ou dificuldades com fornecedores, que nem sempre atuam alinhados às necessidades do negócio. E tudo isso gera frustração e sobrecarga, a não ser que a pessoa seja de ferro.

Diariamente me preparo para a agenda do dia, mas fatores externos nem sempre permitem segui-la à risca. Percebo também que, com o passar dos anos, muitas pessoas se mostram mais impacientes e mais resistentes a mudanças, o que reforça a importância de estarmos cada vez mais preparados.

Saúde mental: um tema essencial para o setor de frotas

Mais do que uma questão individual, a saúde mental passou a ser um componente vital da produtividade sustentável. Profissionais sem espaço para lidar com o estresse, a ansiedade ou o esgotamento emocional tendem a apresentar quedas de desempenho, mais chances de erros e dificuldade em tomar decisões assertivas – efeitos que impactam diretamente a operação de uma frota.

O bem-estar psicológico também influencia a liderança e a forma de manter um ambiente colaborativo com condutores, técnicos, fornecedores e outros departamentos da empresa.

Nesse contexto, a inteligência emocional se torna indispensável, pois nos ajuda a reagir com equilíbrio às demandas da gestão de frotas, tomar decisões assertivas e construir relações mais sólidas em qualquer circunstância.

Práticas de inteligência emocional para gestores de frotas

Reconhecida hoje como uma competência estratégica, a inteligência emocional permite ao gestor lidar com imprevistos, manter o equilíbrio e engajar equipes com empatia, garantindo engajamento mesmo em cenários adversos.

A gestão de frotas vai muito além do controle de veículos: envolve equilíbrio mental, inteligência emocional e uma comunicação que valorize os profissionais que sustentam a operação. Ao cuidar das pessoas, o gestor fortalece as metas da empresa e assegura que sejam alcançadas de forma sólida e segura, transformando o bem-estar das equipes em um diferencial competitivo da gestão moderna de frotas no Brasil.

Depois de refletir sobre isso, é hora de olhar para a prática. A seguir, indico algumas ações que podem apoiar o gestor de mobilidade no dia a dia da gestão.

1. Estimule pausas e organização mental

Em um cenário acelerado como o da gestão de frotas, pequenas pausas ao longo do dia ajudam a aliviar a tensão e retomar o foco. Gosto de incentivar um momento para um bom café ou chá, sem culpa ou cobrança, pois isso pode ajudar a prevenir a sobrecarga mental e o burnout.
É importante também estender esse cuidado à equipe, respeitando o ritmo de cada um, pois ninguém trabalha sozinho e o sucesso é coletivo.

2. Crie espaços de escuta e troca

Muitos gestores de mobilidade acumulam decisões difíceis em silêncio. Na minha experiência, promover reuniões periódicas com líderes de outras áreas, focadas em acolher e escutar, permite que compartilhemos desafios e nos sintamos apoiados.

3. Delegue de forma estratégica

Evite sobrecarregar o gestor com tarefas operacionais que poderiam ser distribuídas entre analistas, assistentes ou líderes da base. Eu, por exemplo, quando consigo focar nas decisões estratégicas e na liderança de pessoas, percebo mais qualidade na operação e menor risco de erros.

4. Reconheça o esforço com frequência

O reconhecimento, seja verbal, em reuniões ou por meio de feedbacks estruturados, tem um papel fundamental na motivação e na saúde emocional. Sempre observo como pequenos gestos de valorização mantêm a equipe engajada e com senso de propósito, mesmo sob pressão.

Aprendi também que um feedback dado de forma errada pode gerar impactos significativos em todas as áreas, por isso procuro praticar e incentivar uma comunicação clara e construtiva.

5. Alinhe metas com realidade

Pressionar por resultados sem considerar as condições operacionais reais só aumenta a frustração e o estresse. Quando mantemos metas claras, possíveis e alinhadas com os recursos disponíveis, conseguimos atuar com mais foco e segurança.

A área de mobilidade é maravilhosa, e como profissional me sinto muito feliz de fazer parte do universo de oportunidades deste mercado. A gestão de frotas, por sua natureza dinâmica e complexa, exige muito mais do que competência técnica: pede preparo emocional constante.

Assim como a gestão de frotas começa com planejamento e cuidado, preservar a saúde mental é a base para enfrentar desafios e conduzir o futuro com segurança. Apoiar quem lidera a operação significa fortalecer toda a cadeia logística, do planejamento à entrega final. E nós, gestores de mobilidade, estamos realmente cuidando da nossa saúde emocional com a mesma dedicação que temos com nossas operações?

 

Michele Moraes
Michele Moraes

Especialista em gestão de mobilidade

 

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