Nem sempre todos os condutores de nossa frota estão dispostos a trocar os veículos com motor a combustão por modelos elétricos. Para ajudar nesse processo de mudança, é preciso ter em mente uma lista de argumentos que expliquem de forma clara todos os benefícios que a condução de um veículo elétrico a bateria (BEV) pode trazer a nossos usuários.
Promover mudanças em qualquer estrutura empresarial requer tempo. Um tempo que, às vezes, não temos. Mas a realidade é que a transição ao veículo eletrificado está exigindo não apenas uma mudança de hábitos, mas praticamente uma transformação cultural. Em todos os níveis. Uma transformação que requer estratégia, planejamento e passos firmes no caso das frotas corporativas.
A pressa, inimiga da perfeição
Depois de haver tomado a decisão de eletrificar a frota e que já conhecemos quais veículos podem ser adaptados, chega o momento de conversar com os usuários sobre essa transformação. Acontece que nem todos os usuários de veículos corporativos estarão abertos à mudança.
Circulam nas redes sociais fake news sobre veículo elétrico, declarações com interesses escusos e opiniões nem sempre positivas sobre essa tecnologia. No entanto, não resta outra opção senão começar a excluir de nossa política de frotas as motorizações a combustão interna. Quanto antes nos conscientizarmos e agirmos, melhor. E essa conscientização deve englobar todos os membros da companhia – não apenas condutores, mas também, e principalmente, a direção da empresa.
De qualquer forma, se ainda não começamos a realizar a transição para os veículos eletrificados, já não há desculpas. A contagem regressiva para a extinção de carros alimentados com derivados do petróleo já começou. E não pode mais parar. Então, se na nossa empresa ainda não iniciamos essa transição, este é o momento de planejá-la, se não quisermos acabar tomando decisões precipitadas, equivocadas e sem informação. Afinal, a pressa é inimiga da perfeição.
Test-drive, o melhor caminho
Se alguém diz que dirigir um veículo elétrico é entediante, é que provavelmente nunca dirigiu um. Realmente, esse tipo de carro não tem escapamento e não podemos ouvir o ronco do motor. Também não tem contador de rotações para vermos a aceleração. Mas é que a entrega de torque excepcional, a sensação prazerosa ao dirigir e o conforto acústico são incomparáveis aos da grande maioria de veículos com motor a combustão.
E, não nos enganemos, a maior parte de condutores de carros de empresa não dirige um V8 de 6,0 litros com 500 cv de potência capaz de gerar altas doses de emoção. A realidade é que muitos conduzem um utilitário de 100 cv que proporciona menos adrenalina que um carrossel. Ao contrário, uma acelerada com um veículo elétrico “cola” você no assento (literalmente), e você não “descola” dele até frear. Além disso, seu som “espacial”, particular e nada incômodo acaba agradando a qualquer motorista.
Por outro lado, diversos estudos e pesquisas demonstram que a maioria dos que testam um carro elétrico avalia a experiência com nota muito alta. Assim, nada melhor que testar um veículo zero emissões para convencer nossos condutores mais incrédulos.
"Nada melhor que testar um veículo zero emissões para convencer nossos condutores mais incrédulos"
Com o histórico na mão
Sem conhecer previamente o registro de quilometragem de nossa frota, não podemos realizar um processo de eletrificação com sucesso. Uma vez mais, contar com um sistema de gestão de frotas associado a um dispositivo telemático será de grande ajuda para, com o histórico na mão, combater a chamada range anxiety – o medo ou preocupação de ficar sem bateria na estrada e não encontrar um ponto de recarga. Na maioria dos casos, poderemos demonstrar que a autonomia dos atuais veículos elétricos é mais que suficiente para atender a quilometragem diária de nossos condutores.
Zero emissões
Nem todos os nossos condutores serão defensores da natureza convictos. Mas há cada vez mais pessoas que acreditam que o cuidado do planeta é uma prioridade. Assim, este é um dos primeiros argumentos a ser usado nessa ação comunicativa.
Um veículo elétrico contamina menos que um carro a combustão. Ao menos de forma direta, ou seja, circulando. Um veículo elétrico (BEV) não emite CO2, nem partículas, nem enxofre durante todo seu ciclo de vida útil. Seja qual for a maneira de medir. E se recarregamos com energia procedente de fontes renováveis, a pegada ambiental é ainda menor.
Manutenção mais econômica
Como se sabe, um veículo elétrico plug-in conta com menos peças que um veículo convencional com motor a combustão. Estima-se que um carro movido a gasolina ou a diesel soma cerca de 30.000 elementos. Um BEV, por sua vez, tem 60% menos peças. Considerando apenas esse simples dado, já podemos prever um menor potencial de avarias e, portanto, menos tempo de imobilização do veículo na oficina.
E, claro, o número de elementos a substituir, consertar ou revisar é inferior. Como resultado, o tempo gasto em um serviço pós-venda também é menor. Esse fato pode ser atraente para aqueles condutores que acham inconveniente visitar a oficina regularmente.
Por outro lado, os custos de manutenção de um carro com motor a combustão interna são, no mínimo, o dobro dos de um BEV. Embora neste caso, geralmente o usuário/condutor de um veículo corporativo (alugado ou de propriedade da empresa) não são responsáveis por esse tipo de custos.
Early adopters
Os gestores de frotas mais veteranos do departamento conhecem muito bem os diversos tipos de condutores de sua frota, tanto o estilo de condução quanto as preferências de veículos. Nesse sentido, uma de nossas primeiras tarefas no processo de eletrificação será identificar os colaboradores early adopters, ou seja, aquelas pessoas que gostam de ser pioneiras e de apostar em inovações. Será mais fácil convencer esse tipo de condutores sobre os benefícios dos veículos elétricos.
Além disso, a chegada de BEVs à frota por meio dos early adopters dará visibilidade a esse tipo de veículo. E esse tipo de condutores, por sua vez, também poderá influenciar os demais. Então, para que serviria usar um novo produto se você não pudesse explicar seus grandes benefícios a colegas de trabalho?
"No caso da eletrificação, diretores e diretoras da empresa devem ser os primeiros a conduzirem e adotarem esse tipo de tecnologia"
Direção da empresa
O envolvimento da direção da empresa é crucial para qualquer assunto relacionado com a gestão da frota: segurança, contenção de gastos, uso eficiente dos veículos, sustentabilidade…
E não só porque necessitamos de seu apoio para implementar, sem problemas, qualquer tipo de medida. Mas porque é essencial que os principais responsáveis pela companhia deem o exemplo. E no caso da eletrificação, uma vez mais, diretores e diretoras da empresa devem ser os primeiros a conduzirem e adotarem esse tipo de tecnologia.
Pontos de recarga
Desde a chegada do veículo elétrico ao mercado, uma das principais barreiras foi a pouca disponibilidade de pontos de recarga. Por isso, é necessário facilitar ao máximo as recargas dos veículos para nossos condutores. Nesse sentido, temos de traçar um plano de ação que, em função das possibilidades da companhia, permita afastar o medo dos condutores de não poder recarregar as baterias do carro.
O plano não deve apenas disponibilizar pontos de recarga nas instalações da empresa ou na casa do colaborador. Deve também levar em consideração a infraestrutura pública de recarga, a diversidade de eletropostos disponíveis e sua interoperabilidade, bem como as diferentes velocidades dos carregadores em cada área de atuação.