Entrevista com Hernani Rocha, Analista de Facilities e de Frota da Diageo Brasil.
Os padrões e boas práticas da área de frotas das empresas também devem seguir critérios de governança ambiental, social e corporativa (ESG). Para Hernani Rocha, analista de facilities e de frota da Diageo, essa é uma tendência a que gestores de frotas e de mobilidade devem prestar cada vez mais atenção.
Rocha administra uma frota de 200 veículos leves e afirma que a empresa, fabricante de bebidas, tem o compromisso global de redução das emissões de carbono e aumentar a segurança dos condutores, com uma logística inteligente. Por isso, em 2024, toda a frota passará a usar apenas etanol.
Com sede em Londres e presente em 180 países, a Diageo tem mais de 30 mil colaboradores. No Brasil, passou a ter o nome Diageo em 2002 e hoje conta com mais de 850 colaboradores e duas unidades principais, o escritório em São Paulo (SP) e o Complexo Industrial de Itaitinga (CE). Foi da capital paulista que Rocha concedeu à AIAFANews a seguinte entrevista.
Há dois anos o senhor assumiu a gestão da frota da Diageo. Entre as suas atribuições, que porcentagem do seu tempo é dedicada a essa área?
Desde que assumi essa responsabilidade, tenho me dedicado ao desenvolvimento e gestão otimizada da frota, o que envolve diversas atividades, como planejamento, controle, manutenção e segurança. Por ser uma área estratégica para o sucesso da empresa, destino cerca de 70% do meu tempo a esse gerenciamento.
Como a sede da Diageo fica em Londres, na Inglaterra, existem diretrizes globais de política de frotas entre matriz e filiais, ou a gestão de frotas da Diageo Brasil é independente?
Existe um equilíbrio entre as duas coisas. Por um lado, há diretrizes globais para questões relacionadas ao ESG. A Diageo tem o compromisso de reduzir as emissões de carbono, aumentar a segurança dos motoristas e promover a diversidade e a inclusão na sua força de trabalho. Esses valores são compartilhados por todas as unidades da empresa e devem ser seguidos na gestão de frotas. Por outro lado, a maioria das decisões é local e leva em consideração as necessidades do mercado brasileiro. A Diageo Brasil tem autonomia para escolher os modelos de veículos, os fornecedores, os critérios de elegibilidade e os benefícios para os colaboradores que utilizam a frota. Assim, a empresa busca oferecer as melhores soluções para os seus clientes e colaboradores, respeitando as particularidades do País.
Quais as principais conquistas da área de frotas nos últimos anos?
Destaco aqui o nosso projeto de descarbonização da frota. Em comparação com o período de 2022, conseguimos diminuir o volume de CO2 em pelo menos 50% da nossa frota comercial de 160 veículos. Em 2023, fizemos um trabalho de conscientização para que em 2024 nossos veículos sejam abastecidos apenas com etanol. Além disso, diminuímos o número de desvios na nossa frota. Isso se deu porque estamos focando no comportamento ao volante e, desta forma, fazendo com que tenhamos uma frota mais segura e com 100% dos condutores com curso de direção defensiva.
Quais são as principais características e desafios da gestão da frota da Diageo?
A gestão de frota é um tema complexo e envolve muitos aspectos, como a segurança dos condutores, a manutenção dos veículos e o controle de custos. A Diageo valoriza muito a segurança dos seus condutores e tem como principal desafio garantir que eles voltem para casa da mesma forma que saíram. Para isso, a empresa investe em treinamento dos condutores e na renovação da frota, trazendo carros mais seguros e com nota máxima no Latin Ncap, programa de avaliação independente de carros para América Latina.
Que modalidade de aquisição a empresa adotou, frota própria ou terceirizada? Por que escolheram essa modalidade?
A modalidade que adotamos na Diageo foi a de frota terceirizada. Assim, podemos contar com uma frota sempre renovada, adequada às nossas necessidades e que permite que a Diageo foque no seu core business e tenha a supervisão da gestão compartilhada com uma empresa especializada, garantindo melhores resultados e mais segurança aos colaboradores.
Quais os critérios na hora de escolher uma marca e um modelo para frota? A que serviços os veículos estão destinados?
Como na Diageo a segurança dos condutores é prioridade, na renovação da frota, optamos por um carro que tenha nota máxima no Latin Ncap, que garante um alto nível de segurança. Os veículos são de uso exclusivo do time comercial.
Com que frequência a frota é renovada?
Temos um plano de renovação que prevê a substituição dos veículos a cada 36 meses, em média. Dessa forma, mantemos a frota sempre atualizada, com veículos modernos, confortáveis e eficientes.
Como a manutenção dos veículos é realizada, em oficina própria ou terceirizam esse serviço?
Temos um contrato com a locadora de veículos que garante a manutenção periódica e preventiva, além de cobrir eventuais reparos e substituições.
Há veículos elétricos ou híbridos na frota? Pretende investir em políticas de mobilidade mais sustentáveis?
A Diageo está comprometida com a sustentabilidade e a redução das emissões de carbono. Por isso, estamos analisando políticas de mobilidade que favoreçam as tecnologias mais limpas a médio prazo. Os veículos elétricos e híbridos fazem parte do panorama mundial da Diageo de emissão zero até 2030.
Adotaram ou pensam adotar combustíveis alternativos, como gás natural veicular? E como é a gestão do combustível? Usam cartão de combustível?
Sim, estamos adotando o etanol que é um combustível renovável e sustentável e que contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Por meio de relatórios mensais do nosso parceiro de cartão combustível, podemos monitorar o padrão de consumo dos nossos motoristas e verificar se há pontos a serem ajustados.
Como as tecnologias permitiram evoluir e melhorar a eficiência e controle da frota? Utilizam telemetria e rastreamento como ferramentas de gestão de frota?
A tecnologia vem desempenhando um papel fundamental na gestão da frota. A telemetria nos dá informações sobre o comportamento dos condutores na direção e nos mostra se eles respeitam as leis de trânsito, se dirigem de forma econômica e ecológica, se evitam situações de risco e se seguem as orientações da Diageo. Com esses dados, podemos treinar e orientar os condutores. Também pretendemos disponibilizar um aplicativo para que eles possam acompanhar seu próprio desempenho no trânsito.
Na sua opinião, quais serão as tendências e os desafios para os gestores de frotas e de mobilidade para 2024? A que esses profissionais precisam ficar atentos?
Uma das principais tendências, com certeza, é o conceito ESG. Teremos de buscar cada vez mais soluções que atendam condutores e meio ambiente sem comprometer a rentabilidade e a eficiência da companhia.
Que dicas o senhor daria para outros profissionais para uma boa gestão de frotas e de mobilidade?
Eu trabalho com frotas há quase dois anos e ainda estou aprendendo muito. Uma das coisas que mais me ajuda e que estimulo todos é fazer networking com outros profissionais da área. Com a troca de experiências, é possível conhecer novas práticas e soluções. Além disso, recomendo participar de workshops e eventos do setor e procurar se atualizar sobre as novidades em frotas e mobilidade, especialmente sobre novas tecnologias. E focar sempre nos condutores. Eles devem ser prioridade, por isso, devemos capacitá-los constantemente e escolher veículos que ofereçam segurança e conforto para eles, como os que têm nota máxima no Latin Ncap.